quarta-feira, 16 de junho de 2010

ORIGEM DA MAÇONARIA NO BRASIL


  • Embora tenha, a Maçonaria brasileira, se iniciado em 1787, com a Loja Cavaleiros da Luz, criada na povoação da Barra, em Salvador, Bahia, só em 1822, quando a campanha pela independência do Brasil se tornava mais intensa, é que iria ser criada sua primeira Obediência, com jurisdição nacional, exatamente com a incumbência do levar a cabo o processo de emancipação do país.( Vide abaixo: Em "O Sumário de sua História...da criação da primeira Obediência Nacional).
  • 1800/1801 - Maçons portugueses fundam no Rio de Janeiro a Loja "União", que mais tarde passou a denominar-se "Reunião" por terem a ela filiado outros maçons. Com as Lojas "Constância" e "Filantropia", filiou-se em 1800 ao Grande Oriente Lusitano. Separou-se, porém, por terem surgido discórdias e filiando-se ao Grande Oriente da França, adotando o rito Moderno.
  • Em 1802 é instalada na Bahia a Loja "Virtude e Razão", da qual saíram, em 1807, a Loja "Humanidade" e, em 1813, a Loja "União".
  • Em 1807, a 3 de março, ressurge a Maçonaria no Brasil com a instalação da Loja "Virtude e Razão Restaurada", na Bahia.
  • Em 1809, D.João, Príncipe Regente, ao receber uma longa lista de nomes de maçons, para serem presos, respondeu nesses termos: "Foram estes que me salvaram".
  • Em 1809 funda-se em Pernambuco uma Loja da qual fizeram parte os padres Miguel Joaquim de Almeida e Castro, João Ribeiro Peixoto e Luiz José Cavalcante Lins. Esta Loja teve intuitos puramente políticos e os padres que faziam parte do seu Quadro tinham sido iniciados em Lisboa em 1807.
  • Em 1812 funda-se, na freguesia de São Gonçalo, Niterói, a Loja "Distintiva". Essa Loja tinha sinais, toques e palavras diferentes das outras Lojas, tendo por emblema um índio vendado e manietado de grilhões e um gênio em ação de o desvendar e desagrilhoar. Era ela republicana e revolucionária. Denunciada, foi dissolvida, sendo lançados no mar, nas alturas da ilha dos Ratos, seus arquivos e alfaias.
  • Em 1813, na Bahia, é fundado o primeiro Grande Oriente com as Lojas "Virtude e Razão", "Humanidade" e "União", que adormeceu devido a desastrosa revolução de 1817.
  • Em 1815, a 12 de dezembro, na residência do Dr. João José Vahia, é instalada a Loja "Comércio e Artes", que logo depois adormeceu.
  • Existia no Recife, em 1816, uma Grande Loja Provincial reunindo as Lojas "Pernambuco do Oriente", "Pernambuco do Ocidente", "Restauração e Patriotismo" e "Guatimozim".
  • O ano de 1821 começara para D.João VI como principiara o de 1807. O Grande Oriente Lusitano levara-o, quinze anos antes, a transferir a sede do governo monárquico da Nação Portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro. Decorrido três lustros, esse mesmo grande Oriente obrigá-lo-ia a retransferir a sede do seu governo do Rio de Janeiro para Lisboa.
  • Em 1822, a 10 de março, por proposta de Domingos Alves Branco, a Loja "Comércio e Artes" confere ao Príncipe D.Pedro o título de "Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil". A 26 de maio, José Bonifácio é iniciado na Maçonaria. A 21 de maio, em plena sessão das Cortes, em Lisboa, o Maçom Monsenhor Muniz Tavares diz que - talvez os brasileiros se vissem obrigados a declarar sua independência de uma vez. A 2 de junho, José Bonifácio, com outros maçons, funda a sociedade secreta "Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz", melhor conhecida com o nome de "Apostolado", da qual fez parte D.Pedro, com o título de Arconte-Rei. A 5 de agosto, com a dispensa do interstício, D.Pedro é exaltado ao grau de Mestre. A 14 de setembro D.Pedro é investido no cargo de Grão Mestre no Grande Oriente do Brasil. A 4 de outubro, D.Pedro oferece a Gonçalves Ledo o título de marquês da Praia Grande que é por este recusado, com a declaração de ser muito mais honroso o de brasileiro patriota e de homem de bem. A 21 de outubro, D.Pedro, Grão-Mestre, manda a Gonçalves Ledo que suspenda os trabalhos no Grande Oriente. A 25, em decreto, D.Pedro determina o encerramento das atividades maçônicas. Diversos maçons são presos. Ledo consegue fugir para a Argentina.
  • Em 1823, a 25 de março o Apostolado aprova o projeto da Constituição Brasileira. A 23 de julho, o Apostolado é violentamente fechado. A 20 de outubro, D.Pedro, Imperador proíbe as sociedades secretas do Brasil, sob pena de morte ou de exílio.
  • A 13 de janeiro de 1825, o Maçom, frei Joaquim do Amor Divino Caneca é fuzilado no Recife.
  • A 23 de novembro de 1831, o Grande Oriente do Brasil restabelece suas atividades, adormecidas desde 1822, sendo reeleito José Bonifácio de Andrada e Silva para o cargo de Grão-Mestre. Nesta oportunidade é lançado um manifesto a todos os Corpos Maçônicos Regulares do mundo contendo subsídios de extraordinária importância para a História do Brasil. Instala-se, a 12 de novembro, o Supremo Conselho do Rito Escocês para o Brasil, sendo seu primeiro Grande Comendador, Francisco Gê Acayaba de Montezuma, visconde de Jequitinhonha. No surgimento da Maçonaria em 1832, no Rio de Janeiro, existiam dois Grandes Orientes - o Grande Oriente do Brasil, presidido por José Bonifácio que teve sede na atual Rua Frei Caneca, e o Grande Oriente Nacional Brasileiro, presidido por Britto Sanchez, com centro à Rua dos Passos. Em uma cisão havida neste último, surge outra Potência, tendo como Grão-Mestre o marechal Duque de Caxias. O antagonismo e a animosidade que dividiam os grupos maçônicos levam este Grande Oriente a abater Colunas, depois de ser despejado por dificuldade financeira. Sem dúvida, não encontrara o Duque de Caxias, entre os maçons da época, espírito de cooperação e fraternidade.



1ª Obediência Nacional
Um Sumário de sua História....
Criado a 17 de junho de 1822, por três Lojas do Rio de Janeiro - a Comércio e Artes e mais a União e Tranqüilidade e a Esperança de Niterói, resultantes da divisão da primeira - O Grande Oriente Brasílico teve, como seu primeiro Grão Mestre, José Bonifácio de Andrada e Silva, ministro do Reino e de Estrangeiros, substituído, a 4 de outubro do mesmo ano, já após a declaração de independência de 7 de setembro, pelo então príncipe regente e, logo depois, Imperador D. Pedro I. Este, diante da Instabilidade dos primeiros dias de nação independente e considerando a rivalidade política entre os grupos de José Bonifácio e de Gonçalves Ledo - - - este, o líder dos maçons do Grande Oriente - - - mandou suspender os trabalhos do Grande Oriente, a 25 de outubro de 1822.
Só em novembro de 1831, após a abdicação de D. Pedro I - - - ocorrida a 7 de abril de 1831 - - - é que os trabalhos maçônicos retomaram força e vigor, com a reinstalação da Obediência, sob o título de Grande Oriente do Brasil, que nunca mais suspendeu as suas atividades.
Instalado no Palácio Maçônico do Lavradio, no Rio de Janeiro, a partir de 1842, e com Lojas em praticamente todas as Províncias, o Grande Oriente do Brasil logo se tornou um participante ativo em todas as grandes conquistas sociais do povo brasileiro, fazendo com que sua História se confunda com a própria História do Brasil Independente.
Através de homens de alto espírito público, colocados em arcas importantes da atividade humana, principalmente em segmentos formadores de opinião, como as Classes Liberais, o Jornalismo e as Forças Armadas - - - o Exército, mais especificamente - - - o Grande Oriente do Brasil iria ter, a partir da metade do século XIX, atuação marcante em diversas campanhas sociais e cívicas da nação.
Assim, distinguiu-se na campanha pela extinção da escravatura negra no país, obtendo leis que foram abatendo o escravagísmo, paulatinamente; entre estas, a "Lei Euzébio de Queiroz", que extinguia o tráfico de escravos, em 1850, e a "Lei Visconde do Rio Branco", de 1871, que declarava livres as crianças nascidas de escravas daí em diante. Euzébio de Queiroz foi maçom graduado e membro do Supremo Conselho do Grau 33; o Visconde do Rio Branco, como chefe do Gabinete Ministerial, foi Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil. O trabalho maçônico só parou com a abolição total da escravatura, a 13 de maio de 1888.
A Campanha republicana, que pretendia evitar um terceiro reinado no Brasil e colocar o país na mesma situação das demais nações centro e sul americanas, também contou com intenso trabalho maçônico do divulgação dos ideais da República, nas Lojas e nos Clubes Republicanos, espalhados por todo o país. Na hora final da campanha, quando a República foi implantada, ali estava um maçom a liderar as tropas do Exército, com seu prestígio: Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, que viria a ser Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.
Durante os primeiros quarenta anos da República - - - período denominado "República Velha" - - - foi notória a participação do Grande Oriente do Brasil na evolução política nacional, através de vários presidentes maçons, além de Deodoro : Marechal Floriano Peixoto de Moraes, Manoel Ferraz de Campos Salles, Marechal Hermes da Fonseca, Nilo Peçanha, Wenceslau Brás, Washington Luís Pereira de Sousa.
Durante a 1a. Grande Guerra (1911 - 1918), o Grande Oriente do Brasil, a partir de 1916, através de seu Grão-Mestre, Almirante Veríssimo José da Costa, apoiava a entrada do Brasil no conflito, ao lado das nações amigas. E, mesmo antes dessa entrada, que se deu em 1917, o Grande Oriente já enviava contribuições financeiras à Maçonaria Francesa, destinadas ao socorro das vítimas da guerra, como indica a correspondência, que, da França, era enviada ao Grande Oriente do Brasil, na época.
Mesmo com uma cisão, que, surgida em 1927, originou as Grandes Lojas Estaduais brasileiras, enfraquecendo, momentaneamente, o Grande Oriente do Brasil, este continuou como ponta-de-lança da Maçonaria, em diversas questões nacionais, como: anistia para presos políticos, durante períodos de exceção, com estado de sítio, em alguns governos da República; a luta pela redemocratização do país, que fora submetido, desde 1937, a uma ditadura, que só terminaria em 1945; participação, através das Obediências Maçônicas européias, na divulgação da doutrina democrática dos países aliados, na 2a. Grande Guerra ( 1939-1945); participação no movimento que Interrompeu a escalada da extrema-esquerda no país, em 1964; combate ao posterior desvirtuamento desse movimento, que gerou um regime autoritário longo demais; luta pela anistia geral dos atingidos por esse movimento; trabalho pela volta das eleições diretas, depois de um longo período de governantes impostos ao país.
E, em 1983, investia na juventude, ao criar a sua máxima obra social: a Ação Paramaçônica Juvenil, de âmbito nacional, destinada ao aperfeiçoamento físico e mental dos jovens, de ambos os sexos da família dos maçons.
Presente em Brasília, capital do país, desde 1960, onde se instalou em 1978, o Grande Oriente do Brasil tem, hoje, um patrimônio considerável, em diversos Estados, além do Rio de Janeiro, e na Capital Federal, onde sua sede ocupa um edifício (um dos mais belos e modernos de Brasília) com 7.800 metros quadrados de área construída.
Com mais de 1.600 Lojas, cerca de 90.000 obreiros, reconhecido por mais de 80 Obediências regulares do mundo, o Grande Oriente do Brasil é, hoje, a maior Obediência Maçônica do mundo latino (ou seja; entre os países latinos espalhados pela, Europa, África, América do Sul, América Central e Colônias pela Ásia) e a única, em território brasileiro, reconhecida como regular e legitima pela Grande Loja Unida da Inglaterra, "a Potência Matter da Maçonaria Universal", de acordo com os termos do Tratado de 1935. (*)


JOSÉ CASTELLANI

Agosto, 1996

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